segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016

Instabilidade (crónica)





 Parecia(-me) pendurado
mas não estava.
Era 'lugar' em sentido figurado
em que teu berço baloiçava.

Queria prender(-me) num duro arame
mas soltou-se a farpa.
Num músculo que bate feito alarme
soltou-se a dramática arpa.

Senti(-me) assim em pedaços
no frio do vidro partido.
E na cadeira em estilhaços
só instável fiz sentido.




segunda-feira, 24 de agosto de 2015

Rascunhos.

Podia limitar-me a pedir-te desculpa... podia esperar que voltasses... podia até ignorar o teu sofrer! Podia fechar-me, fugir, matar, roubar, esquecer, deixar, fechar... podia até ajoelhar-me! Podia baixar, rastejar, humilhar-me e gritar... podia até correr! Algum destes "podia" te fez esquecer? Algum deles mudou algo? Algum deles te fez voltar ou ficar? Podia não escrever, nem sequer pensar, mas há algo que eu sei... e que não podia, mas posso... Arrepender-me! E tu, culpa, podias fazer-me desaparecer! E na tua ausência, esclarecer-me como lutar pela Luz, fazer Acreditar, fazer Brilhar! E podia até acreditar que vou conseguir... Posso?

Dançar (n)a chuva.

Era Agosto - o mês do calor e do sol, há anos pensado assim. Hoje, um Agosto mais instável nas sensações, no tacto, no olfacto, na visão e na audição. Enquanto a chuva, que cai, se Ouve fora, sobe o Cheiro a terra molhada. Os vidros da minha janela Sinto-os molhados, que quente esta água. Começo a tentar saber de ti, a procurar por ti, ansiar por ti entre cada intervalo de olhares para o exterior. Surges. Convidas-me a dançar na chuva, a dança dela, para ela e com ela, Contigo. Aceito-te e dançamos. O que esperas para estar onde eu já estou?
 

É Agosto, e hoje trouxeste-me aqui.

sexta-feira, 26 de abril de 2013

Dir-te-ia mais...

As manhãs, aquelas em que me acompanhas entrelaçado em mim, a cobrir-me o sorriso, aquelas em que não existe nenhuma outra verdade a não ser Luz. Aquelas em que, por mais que tente, não saberei como agradecer-te o que provocas no meu corpo, naquele que distribui o calor pelo corpo e comanda o ritmo que ouves quando te embalas no meu peito.

As manhãs são a ansiedade e a brandura, são a procura e a partilha, o forte desejo que não mais terminem e que eu possa de novo cerrar os olhos que te alcançam e me perca nos sonhos a dois, ao teu lado, só Nós!

As tardes, aquelas em que percorremos trilhos, descobrimos calor, vemos sol, sentimos brisas, partilhamos verdades, vivemos saudades, lembramos passagens e alcançamo-nos mais, em cada olhar, em cada sentir, em cada beijar, em cada passo.

As tardes são café, intenso e quente, que me acorda a alma, que me inspira o pensar, que me bombeia para ti, que me aproxima dos teus braços, que me faz desejar, que me faz realizar, o Nós!


As noites, aquelas...


...aquelas em que dir-te-ia mais...

...mas não bastam palavras,
nem gestos,
não bastam letras,
nem há restos,
soltos de mim!

Bastamos Nós!
  


sábado, 13 de abril de 2013




Ouves-me no silêncio, calas o meu murmúrio e estimulas o que de melhor há em mim... És tu 'Luz'?



quarta-feira, 3 de abril de 2013

Sonhos Cor-de-Rosa

Lembraste das palavras? Dos sentimentos? Do calor que sentias? Das vidas que previas?... Lembras?


Acorda!... Acorda!! O calor cessa, como um silêncio do corpo, o coração bate sem pressa e tu voltas a ser a criança que acorda de um sonho cor-de-rosa.



domingo, 31 de março de 2013

Uma simples bolinha verde!

Dei por mim estagnado, na criação e no sentir, na vontade de querer mudar! Dei por mim inquieto com os dedos, as mãos, os pés, o nariz, o corpo... Dei por mim a morrer hermeticamente fechado contigo dentro de mim, espaço. Este vácuo!
(Que soluto é solução sem o seu solvente?)


Inquieto, percorria as janelas, sentia-vos passar sem nada me preencher! Assobios quase como piropos, eram estilhaços, eram vidro frio. Simplesmente bloqueava a vossa entrada. Sem sentires, sem viveres, quase pareciam fumo, negro e sufocante, quando o que eu esperava era lava, a lava quente, como o sangue que me aquece o corpo, a lava que me cora a face perante a verdade de alguém que comove, que respeita, que me dá a lua para por nos lábios.

Tentaste perceber as minhas sombras, quiseste que eu voltasse atrás, quiseste? Será que quiseste? As minhas sombras não assombram, as minhas sombras, as minhas teias, não precisam viver para me pertencerem. Sou um homem livre para ti, para te sentir e para te viver (Amor)! Sou um simples ser, um ser perdido... mas sem escombros.

Iniciaste, desbloqueaste, clicaste, e foste tudo menos uma máquina... Não precisei de te ter para voar contigo, não precisei de tocar para te sentir, não precisei de te ouvir para me encantar e enternecer, para me erguer. Que ansiedade é esta? A de te procurar numa tela! A de te ver numa estátua de mármore! A de te ouvir em Mozart! A de te sentir com o vento da Foz! A de te cheirar com as flores nas varandas! A de te beijar como quem reanima este coração, este corpo, já sem vácuo.

Procuro-te entre as linhas que escreves, adivinho-te nas ambições, crio-te nos meus objectivos e projecto-te  no meu céu, onde voamos, em sonhos ou não. Espero que não apenas nessas viagens, mas na vida.

E começaste por ser... Apenas uma simples bolinha verde!